Iniciativa do Instituto Puxirum levou conhecimento sobre eletricidade e energia solar a moradores da RDS do Tupé

“Energia são as mulheres.” Com essas palavras, Miriam Muniz, liderança comunitária, definiu o tema central do projeto Puxirum da Energia: energia elétrica. Miriam foi uma das 20 pessoas que participaram do curso de eletricidade básica voltado para os moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, localizada a 25 km de Manaus. A formação foi promovida e idealizada pelo Instituto Puxirum como parte das ações do projeto que começou em junho levando informações sobre consumo consciente e direitos e deveres dos consumidores de energia.

Durante o curso, que aconteceu entre 29 de agosto e 01 de setembro, os alunos ficaram quatro dias hospedados em um barco ancorado na Praia do Tupé, sede do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudança do Clima (SEMMASCLIMA), local onde aconteceram as aulas. A imersão em energia elétrica foi facilitada pela engenheira Jussara Salgado, que abordou os conceitos básicos de eletricidade, desde a montagem de circuitos até a instalação de sistemas de energia solar autônomos.

Mais de 50% das vagas do curso foram ocupadas por mulheres. Elas são as que mais sofrem com a pobreza energética, que se refere à ausência de acesso aos serviços energéticos modernos. Apesar da região do Tupé ter sido contemplada pelo programa de eletrificação rural Luz Para Todos, as constantes quedas de energia afetam a rotina das mulheres, pois quando falta energia o acesso à água e outros serviços essenciais são prejudicados.

“Isso foi um passo a mais para nós mulheres. Fazemos o curso e temos esse conhecimento para levar para dentro da nossa casa. Muitas vezes você tem que trocar uma lâmpada, colocar o disjuntor e você não sabe. Então foi muito importante para os comunitários da RDS.”, afirmou Miriam Muniz.

Miriam Muniz em aula prática durante o curso. Foto: Dirce Quintino

As mães também foram acolhidas pelo curso. Ketelem Pereira, mãe da pequena Luara de quatro meses, foi uma das mais participativas durante a capacitação. “Eu por ser mulher e mãe, preferi enfrentar essa dificuldade mesmo com a minha filha e vim até aqui para aprender. Hoje eu estava estudando a placa solar, então achei interessante saber sobre o desenvolvimento das placas que podem resolver um pouco do problema de nós que moramos aqui no interior”, concluiu Ketelem.

Aluna Ketelem com seu bebê presta atenção na aula. Foto: Dirce Quintino

Todos os alunos receberam um kit de ferramentas para continuar a prática em suas casas e comunidades. O kit contém alicate amperímetro, detector de tensão, conjunto de chaves, trena, alicates e outros itens. Paulo Diógenes, cofundador do Instituto Puxirum, ressaltou que o curso reforça o compromisso com a inclusão e a igualdade, alinhando-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS 7), que visa garantir acesso à energia sustentável para todos. Ele enfatizou que as mudanças climáticas, como a seca severa no Amazonas, aumentam a vulnerabilidade das comunidades, especialmente das mulheres, que são as mais afetadas pela falta de energia e água. “A insegurança energética impacta diretamente as mulheres, que enfrentam desafios diários com a falta de serviços essenciais. Nosso objetivo é promover autonomia por meio do conhecimento sobre energia, água e saneamento,” afirmou Paulo. Ele também destacou que a energia solar começa a transformar a realidade das comunidades da reserva, com a instalação de bombas d’água movidas a energia solar, contribuindo para a resiliência frente aos desafios climáticos e energéticos.